ATA DA QUADRAGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 20-11-2001.

 


Aos vinte dias do mês de novembro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e quarenta e um minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear a Semana da Consciência Negra, nos termos do Requerimento nº 258/01 (Processo nº 4299/01), de autoria da Mesa Diretora. Compuseram a MESA: o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Celson Borges Ferreira, Coordenador da Semana da Consciência Negra; a Deputada Estadual Jussara Cony, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Desembargador Sejalmo Sebastião de Paula Neri, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Eliseu Padilha, ex-Ministro dos Transportes; o Desembargador Tupinambá Nascimento, ex-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral; o Senhor Ney Botelho Santos, representante da família do ex-Deputado Estadual Carlos Santos; a Senhora Maria Pedroso, representante das entidades do Movimento Negro; a Vereadora Helena Bonumá, 1ª Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e prestou esclarecimentos acerca dos trabalhos da presente Sessão. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Senhor Ney Botelho Santos a proceder à entrega do Troféu Carlos Santos ao Senhor Eliseu Padilha. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D'Avila, em nome da Bancada do PDT, destacou a importância das atividades realizadas pela Câmara Municipal de Porto Alegre, alusivas à Semana da Consciência Negra, ressaltando que a data de vinte de novembro foi escolhida pelos próprios integrantes do Movimento Negro para assinalar o Dia da Consciência Negra, por ser o aniversário da morte de Zumbi dos Palmares. O Vereador Cassiá Carpes, em nome das Bancadas do PTB, PPB e PSDB, salientou a atuação dos afro-descendentes no País, notadamente no período compreendido entre o final da escravatura e o início da Segunda Guerra Mundial, abordando aspectos atinentes às lutas empreendidas por esses cidadãos contra a segregação racial e comentando a posição de destaque assumida pelos negros na área do esporte. A seguir, o Vereador Fernando Záchia, presidindo os trabalhos, informou que o Senhor Eliseu Padilha se ausentaria da presente solenidade, em função de compromissos anteriormente assumidos, convidou o Vereador Carlos Alberto Garcia a assumir a direção dos trabalhos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PFL, externou sua satisfação em poder participar da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre à Semana da Consciência Negra, referindo-se a personalidades históricas que contribuíram para o fortalecimento dos movimentos sociais empreendidos pelos negros em busca de igualdade de direitos. O Vereador Raul Carrion, em nome da Bancada do PC do B, lembrou o transcurso, no dia de hoje, dos trezentos e seis anos do falecimento de Zumbi dos Palmares, afirmando a importância desse vulto histórico na luta contra a opressão e a escravidão negra no Brasil e comentando aspectos alusivos às dificuldades enfrentadas pelos afro-descendentes brasileiros. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PPS, cumprimentou a Comissão Organizadora da Semana da Consciência Negra em Porto Alegre pelas iniciativas e eventos alusivos a essa Semana. Também, defendeu a implementação de medidas públicas que contribuam para a eliminação do preconceito racial e as discriminações fundadas em padrões étnicos. O Vereador Haroldo de Souza, em nome da Bancada do PHS, saudou o transcurso da Semana da Consciência Negra, externando sua contrariedade ao estabelecimento de cotas de vagas para negros em concursos públicos e em instituições de ensino superior e reportando-se ao Projeto de Lei do Legislativo nº 269/01, que estabelece o dia vinte de novembro como feriado no Município de Porto Alegre. O Vereador Almerindo Filho, em nome da Bancada do PSL, discorreu sobre dados estatísticos que demonstram ter o Brasil a segunda maior população negra do mundo, analisam as probabilidades de acesso da comunidade negra às instituições de ensino superior e fazem estimativas sobre a qualidade de vida propiciada no País aos afro-descendentes. A Vereadora Helena Bonumá, em nome da Bancada do PT, ressaltou a importância da solenidade hoje promovida pela Câmara Municipal de Porto Alegre em homenagem à Semana da Consciência Negra, propugnando pela realização de ações sociais e políticas tendentes a promover um resgate da memória e da luta empreendida pelos negros para a manutenção de sua dignidade. A seguir, o Vereador Carlos Alberto Garcia convidou o Vereador Reginaldo Pujol a assumir a presidência dos trabalhos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome da Bancada do PSB, pronunciou-se sobre o transcurso da Semana da Consciência Negra, relatando as atividades desenvolvidas pelo Movimento Quilombista do Partido Socialista Brasileiro e avaliando a situação enfrentada pela comunidade negra brasileira, principalmente no que diz respeito à discriminação sofrida. Após, o Vereador Reginaldo Pujol convidou o Vereador Carlos Alberto Garcia a assumir a presidência dos trabalhos e, após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Celson Borges Ferreira e Maria Pedroso, que destacaram a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao transcurso da Semana da Consciência Negra. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador Humberto Goulart, os Senhores Neiva Maria Santos da Silva, Ibá Maria de Lourdes Santos Moreira, Carmen Margot Santos Brasil, Adão Assis Brasil, Alcione Silva Brasil, Rosemary Santos da Silva Corrêa, Lia Terezinha Santos Moreira, Adriane Santos da Silva, Paulo Ronaldo Santos da Silva - este acompanhado pela Senhora Neivacyr Silva, Bruno Santos da Silva Corrêa, Ana Paula Santos, Marcelo Amaro Santos, Kizzi Pereira Santos, Ney Botelho Santos, os Vereadores Nereu D'Avila, Ervino Besson, Raul Carrion, Clênia Maranhão, Haroldo de Souza, Almerindo Filho, Helena Bonumá, o Desembargador Tupinambá Nascimento, os Senhores Maria Pedroso, Celson Borges Ferreira, Neiva Maria Santos da Silva, Ibá Maria de Lurdes Santos Moreira, Carmen Santos Brasil, Adão Assis Brasil, Ney Botelho Santos e o Vereador Humberto Goulart a procederem à entrega do Troféu Carlos Santos, respectivamente, aos Senhores Wilton Araújo, Adão Alves de Oliveira, José Luís Pereira da Costa - representante do Deputado Federal Alceu Collares, Antonio Carlos Cortes, Ataíde de Morais Rodrigues, Daiane dos Santos, Deise Nunes, Eduardo Teixeira Pereira, Hermínia das Neves, Ieda Maria Vieira da Silva, Jeanice Dias Ramos, João Carlos de Lima Moraes, Jorge Ribeiro, Luís Carlos Leite Bastos, Nelcira Nascimento, Nilo Feijó, Oliveira Silveira, Pedro Luiz Gonçalves, Renato Dornelles, Roberto Barros, Rosalina da Conceição, Sejalmo Sebastião de Paula Neri, Sueli de Souza Ramos, Tupinambá Nascimento, Carlos Nelson dos Reis, César Silva, Eloá dos Santos Alves, João Cleon Fonseca, Rafael Rodrigo, Maria de Lourdes Isaías - representante do Senhor Edi Isaías, e Ione Braz Soares - representante do Senhor Paulo de Tarso. Também, foi procedida à entrega de Certificados de Conclusão de curso de informática aos Senhores Tiago Santos dos Santos, Alessandra Menezes, Carlos André Gomes, Francieli Rodrigues, Volnei Canarin, Jorge Fernando Canarin, Lucimara Trindade, Luciana Santos, Evanilso Silva e Nilse Costa. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Wilton Araújo que, em nome dos agraciados, agradeceu a concessão do Troféu Carlos Santos. Após, o Senhor Presidente nominou os componentes da Comissão Organizadora da Semana da Consciência Negra, integrada pelo Vereador Humberto Goulart e pelos Senhores Celson Borges Ferreira, Dilciomar Teixeira, Maria da Glória Rego de Lima, Luiz Carlos Pereira, Jair Ferreira, Ney Rocha Rios, Maria Rejane Linck, Santa Araújo, Clovis Sila, Marco Aurélio Cunha, Antonio Callegari, Sílvio Aquino, Romeu Ferreira, Neusa Maria da Graça Silva, Maria Odete Bento, Eni Canarim, João Alberto Mattos, Maria Elisabete Nobre, Renato Santos da Silva, Bira Cabelleira, Regina Machado, Krishna Daudat, Rita de Cássia Silveira e Valdemar Lima. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para a solenidade de inauguração de monumento em homenagem a João Cândido, a ser realizada no dia vinte e dois de novembro do corrente, às dezoito horas, no Parque Marinha do Brasil. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Riograndense, informou que, após o encerramento da presente Sessão, seira realizada solenidade de entrega da premiação do 1º Torneio Ala do Roxo de Futebol Feminino, registrou o transcurso do aniversário, hoje, do Senhor Sejalmo Sebastião de Paula Neri, convidou para missa a ser realizada no Plenário Aloísio Filho, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezenove horas e quarenta e dois minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Carlos Alberto Garcia e Reginaldo Pujol e secretariados pela Vereadora Helena Bonumá. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear a Semana da Consciência Negra.

Compõem a Mesa os Senhores: Celson Borges Ferreira, Coordenador da Semana da Consciência Negra; a Deputada Jussara Cony, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Desembargador Sejalmo Sebastião de Paula Neri, representante do Tribunal de Justiça do Estado; Sr. Eliseu Padilha, ex-Ministro dos Transportes; Desembargador Tupinambá Nascimento, ex-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral; Sr. Ney Botelho Santos, representante da família Carlos Santos; Sr.ª Maria Pedroso, representante das entidades do Movimento Negro; senhores dirigentes e representantes de entidade do Movimento Negro, demais autoridades presentes, senhoras e senhores.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Esta Presidência, com muita alegria, cumprimenta todas as senhoras e senhores presentes, todas as entidades negras de Porto Alegre e seus representantes, e, em especial, ao ex-Vereador Wilton Araújo, autor da Semana da Consciência Negra, que, sem dúvida alguma, enriqueceu em muito a sua participação neste Parlamento Municipal.

A Semana da Consciência Negra nos permite fazer a reflexão, devida e necessária, da atividade importante, no desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul, da raça negra. E hoje mais ainda enriquecida esta Sessão Solene, quando serão agraciadas diversas personalidades com o Prêmio que leva o nome do ex-Deputado Carlos Santos, que foi, sem dúvida alguma, um dos grandes orgulhos do Parlamento Estadual do Rio Grande do Sul. Um homem, pelo seu pioneirismo, sempre defendendo causas importantes, principalmente do negro inserido na cultura gaúcha. E este Prêmio, a ser distribuído este ano a estas personalidades, vai enriquecer em muito.

Queríamos fazer aqui uma pequena alteração nos trabalhos, porque o ex-Ministro Eliseu Padilha veio hoje de Brasília, especialmente para receber este Prêmio, mas tem de estar às 18h30min no aeroporto, para que possa retornar a Brasília. Então, nós vamos quebrar um pouco o protocolo, antecipando a entrega do Prêmio ao ex-Ministro, para que possamos compartilhar este momento, o que me parece de extrema justiça, a distribuição do Prêmio. Eu solicito ao Dr. Ney Botelho Santos, representante da família do ex-Deputado Carlos Santos, sendo seu filho, que entregue o Prêmio ao ex-Ministro Eliseu Padilha.

 

(Procede-se à entrega do Prêmio ao Sr. Eliseu Padilha.) (Palmas.)

 

O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra, em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em primeiro lugar eu desejo dizer que esta Casa encontra-se em festa por poder patrocinar - e isso vem acontecendo ao longo dos anos - essa Semana da Consciência Negra que, como o próprio nome está dizendo, durante a sua programação tem diversas iniciativas com debates, seminários, idéias convergentes ou divergentes a respeito da posição do negro na sociedade e do seu futuro, para que possam ser melhor equacionados e melhor direcionados.

Nós da Bancada do PDT somos seis Vereadores nesta Casa, a segunda maior Bancada, temos orgulho em poder dizer que nós não ficamos no discurso; nós temos uma prática. Isso é um processo, como em todas as coisas da vida, em que se começa timidamente e vai-se avançando cautelosa e depois firmemente no sentido da busca de alguns objetivos e de algumas idéias que são plasmadas na realidade do solo brasileiro.

A primeira realidade é que é uma fantasia, uma quimera, uma utopia querer-se dizer que não existe discriminação racial no Brasil. Essa é a primeira quimera, em que se quer, por causa da paixão do povo pelo futebol, pelos seus ídolos, principalmente os negros, pela questão do carnaval, miscigenar, maquiando, assim, uma situação que é inversa. Há sim, há, sim, racismo!

O nosso Partido, por seus setores específicos – e não é de hoje –, quando no Governo, e o Governador Brizola, sempre tem prestigiado com ênfase a presença do negro e do índio também. O Juruna foi o primeiro Deputado Federal índio, e hoje ele se encontra em cadeira de rodas sendo sustentado pelo nosso Partido, lá em Brasília. Então, os nossos postulados – a mulher, o trabalhador, o negro e o índio – não ficam apenas na doutrina partidária; quando estamos no poder, eles são exercidos efetivamente.

O que importa hoje é que o dia 20 de novembro foi escolhido conscientemente – e esse foi o primeiro resultado da consciência negra –, por uma maioria consagradora de negros, como o dia em que se comemora a data de Zumbi e, portanto, proclama-se o Dia do Negro no Brasil. A fantasmagórica figura da Princesa Isabel, embora seja num decreto de 13 de maio, na verdade, foi Zumbi o primeiro libertador, o primeiro homem com consciência negra, que lutou, efetivamente e que, por isso, tem essas homenagens que são prestadas em todo o Brasil, principalmente pelos parlamentos conscientes.

Há, hoje, em grande debate, a questão da ação positiva, das cotas participativas. Há divergências a respeito dessa questão; não há ainda uma efetiva posição, pelo menos que saiba, majoritária ou consagrada, no próprio movimento negro.

De nossa parte, pelo menos de minha parte, eu sou completamente favorável, porque isso deu certo nos Estados Unidos e não adianta querer-se esconder embaixo do tapete aquilo que é latente na sociedade, ou seja, a discriminação, principalmente da mulher pobre e negra.

Então, há que ter um estímulo, cotas participativas, seja nas universidades, seja em concursos públicos, seja onde for. Foi assim que a sociedade americana, embora lá, efetivamente, seja outra realidade, inclusive com a Guerra de Secessão e outras coisas, mas sem dúvida, foram também as cotas que fizeram com que os negros tivessem ascensão social, porque lhes retiraram a condição de sempre lhes tapar no porão, nos subterfúgios dos navios negreiros, as suas realidades.

Então, essas questões todas hoje suscitadas, discutidas, e a nossa própria palavra aqui, a presença maciça lotando esta Casa para gáudio de nós todos, porque isso significa que também entre os negros - é necessário que se diga - está havendo uma melhor consciência do seu posicionamento e que deve-se tomar posição a respeito de temas importantes que acabo de citar.

O Sr. Presidente me adverte que meu tempo está esgotado e eu, humildemente, cumpro o Regimento, saudando a todos e principalmente àqueles que tiveram a feliz idéia, Ney, meu colega da Assembléia de outros tempos - que lá eu ouvi ao vivo e convivi com o negro Carlos Santos, memória viva da inteligência gaúcha, iluminado, consciente da sua cor. Lembro-me que guardei durante muito tempo, mas com mudanças aqui, lá e acolá, acabou se perdendo, mas não esqueci, quando ele fez um discurso maravilhoso, memorável e o velho Correio do Povo, o grande, o antigo, publicou na última página, com destaque fantástico, um discurso inolvidável para os gaúchos. Está lá nos Anais da Assembléia, saudando o Almirante Negro, saudando o açoite, saudando aquela figura memorável do também líder honorário o Almirante Negro. Esta idéia de dar este nome em homenagem a Carlos Santos que, inclusive, por alguns dias, foi Governador deste Estado, como Alceu Collares, e souberam, como pessoas humanas, dar a grandeza, a dimensão, mostrando que não há diferença alguma, senão a cor da pele. Saudações a todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra e falará pelas Bancadas do PPB, PTB e PSDB.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em toda a nossa história, seja da nossa Cidade, do nosso Estado ou de nosso País, os negros têm presença marcante. Desde o final da escravidão até o início da Segunda Guerra Mundial, os negros de Porto Alegre concentravam-se nos bairros Bonfim e Rio Branco, locais, naquela época, conhecidos como colônia africana. Com o passar do tempo, essa colônia foi para outros bairros.

Porto Alegre foi berço de personalidades de renome local e nacional, como Mãe Apolinária, filha de Inhançã com Ogum; Lupicínio Rodrigues; Professor José Maria Viana Rodrigues, primeiro professor negro a lecionar na UFRGS; carnavalescos Rubens Silva, que se formou na primeira turma do curso de Artes Dramáticas; Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha, o primeiro atleta de Seleção Brasileira; Everaldo Marques da Silva, campeão mundial. O ano de 1995 foi marcado pelo aniversário da imortalidade do Zumbi e da Andara, exemplos concretos de luta popular pela superação do racismo, do preconceito de cor, sexo e discriminação.

Quero falar um pouco sobre a atividade da qual venho, na qual o negro tem uma parcela significativa. O esporte hoje, quem sabe, é o local onde o negro tem a maior representação, e uma representação significativa e importantíssima para o desenvolvimento do esporte. Pelo conhecimento que tenho, eu posso dizer que, na área do esporte, o negro é um privilegiado, um homem com capacidade física impressionante, o biótipo perfeito para o atleta e um perfil de um vencedor. No esporte, para mim que venho desse ramo, especificamente, no futebol, nós vimos no mundo inteiro, a presença forte, marcante e destacada do negro em todos os esportes. Portanto, quero aproveitar para homenagear, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, este Partido que, por intermédio de Getúlio Vargas, deu a capacidade do negro desenvolver-se por intermédio de suas atividades na sociedade brasileira.

Aproveito para lembrar da nossa Nega Diaba, uma mulher negra que representou o Partido Trabalhista Brasileiro, mas que representou também os negros nesta Casa, com altivez, com personalidade, com força, com garra e com muita inteligência, embora muitos não tenham conhecido esse lado, ou seja, que ela, por meio do seu trabalho aqui nesta Casa, elevou a capacidade de trabalho do negro na política. Destaco também a nossa Misse Deise Nunes, que é para nós uma lembrança viva na memória dos gaúchos. Portanto, queiram receber esta homenagem do Partido Trabalhista Brasileiro, do nosso Presidente Sérgio Zambiasi e do trabalhismo forte de Getúlio Vargas. Nós estamos aqui para seguir este caminho, esta luta de reconhecimento, em busca tradição e da cultura do negro nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Eu convido o 1º Vice-Presidente desta Casa, Ver. Carlos Alberto Garcia, para que assuma momentaneamente os trabalhos, a fim de que esta Presidência possa acompanhar o Sr. ex-Ministro Eliseu Padilha, um dos homenageados na Sessão Solene de hoje. Quero agradecer ao Ministro, que veio especialmente de Brasília para receber este Prêmio e está, agora, retornando a Brasília. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Luiz Braz está com a palavra e falará em nome do PFL.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero cumprimentar o Sr. Celso Ferreira, Coordenador da Semana da Consciência Negra, e toda a sua equipe, pelo trabalho magnífico, fazendo com que, neste dia, quando estamos homenageando a Consciência Negra, nós tenhamos o Plenário maior da Casa repleto. E eu sei que é um trabalho que denota muito esforço por parte de toda a equipe. Então, quero cumprimentar V. S.ª e toda a equipe.

Desembargador Tupinambá Nascimento, ex-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, sempre quando eu consigo pronunciar o nome ou falar com o meu ex-professor Tupinambá, professor de sempre, porque sempre fico me lembrando das suas lições, nas aulas de Direito Processual, lembro com que facilidade V. Ex.ª fazia com que entrasse nas nossas cabeças duras aquelas aulas de Direito Civil, as quais V. Ex.ª é magnífico para ministrar. Então, realmente, fico muito satisfeito em estar com V. Ex.ª, recebendo-o, aqui nesta Casa.

Eu, realmente, fico satisfeito em ver este Plenário lotado neste dia em que nós estamos homenageando a Consciência Negra, porque a última vez que eu consegui ver este Plenário lotado para homenagear este dia foi quando eu ainda presidia a Câmara em 1998, e eu lembro de uma figura magistral, que trabalhou comigo durante bastante tempo, o Professor Paulo de Tarso. Eu não canso de prestar homenagens ao Professor Paulo de Tarso, porque ele deve estar aqui de uma forma observando isto, porque quis o destino que ele morresse de forma trágica, mas o Professor Paulo de Tarso, ele conseguiu alguma coisa que acho que foi conseguida aqui hoje também pelos integrantes desta Comissão, ele conseguiu unificar o Movimento Negro, ele conseguiu fazer com que todos os negros, de todas as ideologias, de todos os pensamentos, de todas as matizes, pudessem estar juntos nesta semana de homenagem. Eu lembro que, em 1998, nós fizemos, aqui neste Plenário, uma festa magnífica, e estou vendo que esta festa hoje, aqui - parabéns a vocês e a sua equipe mais uma vez - se repete. Eu vejo aqui hoje, pessoas exuberantes, magníficas, representantes legítimas da raça negra, e quero apenas citar uma delas, porque afinal de contas foi uma pessoa que eu cheguei até a brigar com ela lá no início, quando estava começando aqui a minha trajetória como Vereador na Câmara, mas tenho uma admiração muito grande por ela, todo o prestígio que ela conseguiu angariar e por tudo aquilo que ela demonstrou que é capaz de fazer no campo do jornalismo; minha querida amiga Nelcira Nascimento, quero homenageá-la aqui, porque você realmente é uma expoente no campo do jornalismo, e você dá exemplos para muitos que querem seguir essa carreira do jornalismo e que, muitas vezes, param na metade do caminho. Não devem parar, devem prosseguir, porque lá há, de repente, espaços como esse que você conseguiu abrir e demonstrar que se pode trabalhar dentro desses espaços, dessa maneira valorosa como você trabalha.

E eu quero aqui dizer que vi meu pais, vi meus avós, várias vezes, sofrerem discriminações. Eu vi a raça negra, e eu senti muitas vezes isso na pele, a discriminação fazendo com que, de repente, os lugares pudessem ser ocupados por outros não tão qualificados. Mas eu vejo que o negro tem muita tenacidade, tem muita inteligência para ir vencendo esses obstáculos. E eu vi que meus pais venceram obstáculos, meus avós venceram obstáculos. Eu vejo a Nelcira e imagino quantos obstáculos ela deve ter vencido. Eu vejo uma negra tão linda como a Deise Nunes, que realmente encanta a todos nós, encanta a toda a nossa sociedade, mas quantos obstáculos ela teve de vencer?

Só para terminar, até para contraditar algo que foi dito aqui pelo meu querido amigo Ver. Nereu D’Avila; Wilton Araújo, você que já presidiu esta Casa também, eu penso que não se vai conseguir fazer com que a dignidade, com que a igualdade com a qual o negro merece ser tratado dentro da sociedade se faça presente através dessas cotas que são dadas, através desses projetos que são feitos, como se o negro precisasse de alguma esmola. Creio que não é assim que se vai restabelecer a dignidade e a igualdade que nós merecemos. Eu acho que o tem de ser feito nesta sociedade é dar escolas e oportunidades iguais desde o princípio; nós queremos, o negro quer disputar tudo de igual para igual, mas quer ter todas as condições e todas as chances. Nós não podemos disputar com essas desigualdades todas que colocam. Porque aí fica muito difícil. Aí, realmente, fica muito difícil. Então, a única coisa que eu peço para os meus queridos amigos - que são Vereadores nesta Casa - e para a classe de políticos é que parem com essa história de fazer com que, de repente, essas quotas sejam criadas como se o negro, na verdade, fosse um ser inferior que precisasse dessa defesa da forma como é colocada. Vamos dar é igualdade na sociedade para que possamos realmente mostrar a qualidade e o valor do negro em nossa sociedade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra pelo Partido Comunista do Brasil.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Ver. Carlos Alberto Garcia, em nome de quem saúdo todas as autoridades já nominadas que compõem a Mesa; prezadas lideranças e representantes do Movimento Negro; todos que aqui nos acompanham.

Este 20 de novembro de 2001, dia da Consciência Negra, marca os trezentos e seis anos da morte de Zumbi dos Palmares, herói e lutador do povo negro, símbolo da luta pela liberdade no nosso País. Zumbi não é um herói unicamente do povo negro, é um herói de todos os oprimidos e explorados do nosso Brasil. Relembrar a morte de Zumbi, em 1695 é recordar a epopéia Palmarina, que, durante um século, enfrentou e derrotou mais de cinqüenta expedições militares dos dois mais poderosos colonialismos da época: o holandês e o português.

É recordar os quatrocentos anos de escravidão do nosso País. Inicialmente a escravidão indígena, logo a escravidão negra. Contar a história do trabalho no Brasil é, portanto, contar a história da escravidão. Em nosso País, desde o início, a opressão e a discriminação racial estiveram indissoluvelmente ligadas à exploração de classe.

Por isso, mais do que em qualquer lugar, no Brasil a luta pela libertação social está, necessariamente, unida à luta pela libertação racial, e vice-versa. O PC do B tem a convicção de que só a conquista de uma sociedade socialista, mais fraterna, garantirá a verdadeira igualdade social, racial e de gênero, mas não ignoramos a especificidade da luta dos negros contra toda a discriminação racial e o racismo, profundamente entranhados na nossa sociedade. No momento em que o nosso Brasil sofre uma ofensiva neoliberal, que ameaça sua própria existência como Nação soberana, que liquida os direitos dos trabalhadores, que agride as liberdades democráticas e causa crescente exclusão social, novamente os negros são os primeiros a sofrerem as suas conseqüências: são os primeiros a serem desempregados; são os primeiros a sofrerem o desmantelamento dos serviços sociais; são os primeiros a sofrerem a exclusão social e a marginalização.

O PC do B tem o orgulho de, desde o primeiro dia de sua existência, há setenta e nove anos, ter inscrito em seus estandartes de luta o seu repúdio a todo o tipo de discriminação racial; e se envaidece de contar em suas fileiras com destacadas lideranças, deputados e dirigentes partidários negros, aos quais reverencio através da figura lendária de “Osvaldão”, comandante da Guerrilha do Araguaia, morto e degolado, em 1975, pelos militares, como o foi Zumbi, trezentos anos antes.

Por tudo isso, o PC do B saúda mais esta comemoração do Dia da Consciência Negra e inclina suas bandeiras de combate em homenagem a todos os heróis que tombaram na luta pela liberdade, como Zumbi dos Palmares; Pageú, chefe guerrilheiro de Canudos; João Cândido, o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata; Osvaldão, comandante do Araguaia; e tantos outros.

Concluo com os versos do Poeta Negro Solano Trindade em seu Canto dos Palmares

“Eu canto aos Palmares / Odiando os opressores / De todos os povos / De todas as raças / De mão fechada / Contra todas as tiranias!” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra e falará em nome do PPS.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu queria fazer uma saudação muito especial à Comissão organizadora desta Semana, que possibilitou a realização de tantos eventos importantes que culminam com esta Sessão Solene. Saúdo o sempre Vereador desta Casa, Sr. Wilton Araújo, que foi o proponente da legislação que criou esta Semana.

No século XX, fundamentalmente nas últimas décadas, foram marcantes as iniciativas para se colocar no marco das lutas pelos direitos humanos a questão da igualdade formal e material. Este século, o século XXI, inicia-se marcado pelos debates sobre a necessidade de todos assumirmos, com mais responsabilidade, a luta pela igualdade racial, contra qualquer tipo de discriminação e pela urgência de formulações de políticas que rompam com a marginalidade da população em todos os países. Para isso é preciso a união da sociedade, das pessoas de todas as etnias, para que possamos combater as barreiras discriminatórias e cheguemos a construir as suas afirmativas como subsídio concreto na busca da igualdade.

O Estado deve assumir a sua responsabilidade pela situação dos afro-descendentes, criando mecanismos para os grupos étnicos que se encontram no processo de exclusão, enfrentando os danos que o racismo, que a discriminação racial e a intolerância têm causado à humanidade. Isso não será apenas uma reparação do mal que foi infringido aos afro-descendentes, mas uma retomada dos caminhos da sociedade para reconciliar-se com a sua história.

O Movimento Negro Brasileiro tem denunciado a escravidão, o holocausto para os africanos e para os seus descendentes, exigindo políticas de reparação aos danos causados, mostrando a necessidade de medidas de impacto que venham a construir novos patamares na busca da igualdade. Os Poderes Municipais não podem mais se omitir, devem cumprir a sua parcela de responsabilidade no resgate das condições das populações afro-descendentes no mundo do ensino e no mundo do trabalho. É preciso que as Câmaras de Vereadores, em sintonia com a sociedade, construam ações que defendam o direito de igualdade. É preciso que todos nós assumamos nossa parte na reconstrução da sociedade igualitária, na recuperação da dívida acumulada com os afrodescendentes do nosso Município. Neste momento, as ações afirmativas são imperativos étnicos, são imperativos éticos, políticos e sociais que procuram romper com o legado da exclusão social nesses 500 anos de colonização branca. Lembro, então, a frase da brasileira Edna Roland, relatora da Conferência Internacional da ONU, na África, quando ela diz: “Há uma desvantagem histórica dos negros que não pode ser superada apenas com a falsa visão do mérito de cada um.”

Houve a abolição. Os negros não tinham terra, não tinham educação. É preciso, portanto, que, para reconstruir novos paradigmas para a humanidade, lutemos por reparações, por cotas, ações afirmativas. É pouco e não é esmola. É, sim, o reconhecimento de um povo e de todo um continente africano. É preciso a implantação de políticas que venham enfrentar essa realidade, que assegurem a todos os negros o ingresso nas universidades. É preciso que avancemos, em nosso Município, com a implantação de políticas concretas, políticas na área de raça e gênero, colocando Porto Alegre dentro da agenda política aprovada na Conferência Internacional da ONU, em Durban.

Esta Semana, que é a 5ª Semana da Consciência Negra da Câmara Municipal de Porto Alegre, se coloca dentro dessa concepção, a de contribuir para o rompimento da invisibilidade da questão racial no Brasil. E esta Sessão de homenagens a tantas lideranças é seguramente um resgate aos que lutaram para a construção de uma sociedade multiétnica e igualitária, nos colocando nos caminhos de uma nova cultura: a cultura da inclusão, a cultura da diversidade.

Neste 20 de novembro, muito axé a todos nós! Muito axé aos descendentes da diáspora africana! Muito axé a toda a sociedade brasileira! Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em nome do PHS.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Todos os dias, na política, eu levo golpes fulminantes. O ex-Ministro Eliseu Padilha teria um dia dito que “o negro era igual ao asfalto”; fez uma comparação, e hoje estava aqui na homenagem; Fernando Henrique Cardoso vive dizendo que “tem um pé na África”, mas se o seu Benedito Joaquim de Souza ainda estivesse neste plano, convivendo materialmente conosco, hoje seria o dia de aqui eu enaltecer a sua figura. O seu Benedito foi aqui na terra um fantástico cidadão negro que honrou a raça lá para as bandas do norte do meu Paraná. Meu pai, dele herdei os beiços. Seu Benedito foi um caminhoneiro competente, mas, acima de tudo, um negro cumpridor dos seus deveres e, principalmente, um pai amantíssimo e um chefe de família de um filho só, com muitas dificuldades. Manteve sua dignidade de homem, de gente confiante na gente até o fim.

No dia em que comemoramos a Consciência Negra, que é um dia bonito, porque vem coroado, também, como o Dia da Declaração dos Direitos da Criança, quero unir minhas palavras de carinho e de muito amor a essa raça. E não concordo quando alguém propõe, em algum lugar, que devemos estabelecer uma cota para os negros, quer no serviço público, quer numa faculdade ou seja lá onde for. Eu não admito esse tipo de coisa, porque acho que a igualdade deve ser para todos em todos os lugares e em qualquer sentido de nossa vida humana. Então, por que não 50% de divisão em toda divisão que possa acontecer na sociedade brasileira e na sociedade do mundo?

Vinte de novembro cresce de importância através dos anos, porque vivo está na lembrança de todos nós o fato de que é preciso resgatar e pagar a dívida que temos com a raça negra.

Tudo começou com o descobrimento deste País onde um negro foi forjado à posição de escravo numa das atitudes mais vergonhosas, mais covardes da raça humana em todos os tempos! O ser humano escravizando o ser humano, distinguindo através da cor! Coisa nojenta, asquerosa! E o 20 de novembro que já estabelece, em homenagem à raça negra, feriado municipal no Rio de Janeiro, em Macapá, teve aprovação, por unanimidade, na Câmara Municipal da Cidade de Pelotas recentemente. Diante disso, procurando homenagear, de forma mais acentuada, este dia, no calendário de nossa Capital, entrei com um Projeto, que tramita na Casa, pedindo feriado municipal também em nossa querida e insubstituível Cidade de Porto Alegre. Integrado ao espírito do Movimento Brasil pelo 20 de Novembro Feriado Nacional, espero que esta Casa aprove o meu Projeto e que, já no ano que vem, com a sanção do Sr. Prefeito Municipal, possamos comemorar essa data com um feriado de muita alegria, de muita festa, de muito amor e, principalmente, de confraternização entre todos – brancos, mulatos, negros, amarelos. É o mínimo que podemos fazer, começando – eu disse “começando” – a resgatar, a pagar a dívida que nós temos com todos vocês, que formam essa fantástica e talentosa raça negra, raça que deu o maior atleta de todos os tempos: o Atleta do Século XX, Sr. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, ídolo de todas as raças. É um negro!

Negra é a nossa Deise Nunes, a misse de todos e de todos os tempos; como é negro o cidadão Adão Alves de Oliveira, Lelé, grande Lelé, exemplo de vida; como é negro o meu querido Betinho da Imperadores; como negro é o cidadão Luís Carlos Leite Bastos, conhecido na Vila como tio Boneco, pela sua semelhança com o Tio Boneco, personagem do elenco de comediantes da Rede Globo, embora ele não esteja hoje, aqui, com a touca de meia.

Tio Boneco nasceu no bairro Bom Fim e, há dezoito anos, reside na Rua 3, nº 25, na populosa Lomba do Pinheiro, que precisa tanto do carinho da Prefeitura. Filho de José Luís Bastos e de D.ª Eva Gonçalves Leite, é casado com D.ª Elenir Terezinha e trouxe ao mundo, para seu orgulho, os filhotes Paulo Fernando, Luís Augusto, Karen, Eliane, Carlos Fernando e Éverton Luís. Luís Carlos Leite Bastos, o tio Boneco, é presidente atual da Associação Atlética Juventus e ex-Vice-Presidente da Associação Comunitária Serra Verde. Minha homenagem é feita ao tio Boneco pelo sonho que ele acalenta há muitos anos e que é, para mim, uma verdadeira obsessão: o fim dos meninos e meninas de rua. Dono de um enorme coração, Tio Boneco é queridíssimo no bairro onde mora por seu espírito humanitário e de solidariedade para com quem quer que seja que surja no seu caminho. Um beijo no coração do Tio Boneco, do Lelé, do Betinho, na Deise. Estou prestando essa homenagem simples, mas de profundo sentimento a toda a raça negra, orgulho desse País, que tanto deve a esses seres humanos, iguais a todos esses seres humanos que habitam esse conturbado planeta Terra. O PHS abraça com carinho a raça negra, orgulho forte desse nosso Brasil.

Abaixo a discriminação racial! Viva a igualdade entre todos os seres humanos e que todos fiquem com Nossa Senhora Aparecida, a “negrinha” que segura as minhas broncas. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Almerindo Filho está com a palavra pela Bancada do PSL.

 

O SR. ALMERINDO FILHO: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nesta semana comemoramos a Semana da Consciência Negra, fato marcado historicamente pela morte de Zumbi dos Palmares, mártir negro de nosso País. Questiono-me o que quer dizer e a quem se destina a Semana da Consciência Negra?

O Brasil é um País com a segunda maior população negra do mundo. Apesar disso, vivenciamos que a discriminação racial é um fato cotidiano, interferindo em todos os espaços sociais. Em diversos aspectos podemos visualizar essa discriminação, mas nenhum me parece mais marcante e cruel do que o racismo existente no mercado de trabalho. É de uma clareza meridiana que a quantidade de negros em setores “elitizados” é muito baixa. O mesmo problema ocorre no ingresso do negro nas universidades do Brasil.

Pesquisa realizada pela FASE (Federação para Assistência Social e Educacional de São Paulo), indicou que a possibilidade de um negro ingressar na universidade é de 18%, enquanto essa possibilidade para os brancos é de 43%.

Outro dado importante é que, segundo o IBGE, em relação à qualidade de vida da população, o Brasil ocupa a sexagésima terceira posição no mundo. Considerando-se a população negra, o Brasil cai para a posição centésima vigentésima no ranking mundial, ressaltando com isso a diferença entre os níveis de vida da população branca e da população negra. O que se verifica é que há uma dificuldade de inserção do negro e sua ascensão em áreas de mercado de trabalho de maior status social. Reserva-se a ele apenas a ocupação das áreas de menor remuneração e projeto social. Esse fato é bastante sério e gera problemas sociais graves, demonstrando a presença de vários fatores que impedem essa inserção, problemas históricos, educacionais, governamentais e ainda o racismo à moda brasileira. Afinal, damos um jeitinho até para a discriminação. Disfarçado, o racismo é a forma mais clara de discriminação na sociedade brasileira, apesar de o brasileiro não admitir seu preconceito. O brasileiro tem dificuldade em assumir o seu racismo devido ao processo de convivência cordial que distorce o conflito. Devido a isso, por estar dissimulado, é difícil de ser combatido. O brasileiro não admite o racismo, nem que é racista, porém, expressões como “bom crioulo”, “negro de alma branca” e outras são costumeiras no nosso dia-a-dia. A discriminação racial está espalhada pelo País. Escola e mídia apresentam um modelo branco de valorização. O acesso aos espaços políticos, aos bens sociais, à produção do pensamento, à riqueza, têm sido determinados pela lógica escravocrata. O espaço negro é reduzido. O negro é discriminado e não é reconhecido em suas atividades. Entretanto, as narrativas de humilhações e dificuldades entram em choque com um fato concreto, que é a presença e a importância fundamental dos negros e seus descendentes na cultura e nas artes brasileiras. Grandes nomes da nossa história, como o escultor Aleijadinho, o autor Machado de Assis, o jurista Rui Barbosa, todos mulatos, devem ser lembrados como engrandecedores da nossa sociedade.

As práticas de racismo são diversas e se apresentam de diversas formas, por meio de estatísticas, escolaridade, mercado de trabalho, criminalidade, presença nas artes, e outros podem perceber o problema na prática. A desigualdade racial brasileira atinge em cheio as famílias negras, através de um ciclo vicioso de marginalização que passa de pai para filho. De cada dois mil menores carentes, conforme a UNICEF, mil e seiscentos são negros. No mercado de trabalho, inúmeras são as atividades racistas que acabam dificultando a inserção do negro em áreas que exigem maior especialização. A exigência de boa aparência, o assédio à mulher, a remuneração diferenciada do negro em relação ao branco, nos mesmos cargos, a violência física que chega a ocorrer em alguns casos são exemplos do problema.

Iniciativas para diminuir e extinguir o racismo são necessárias para a sociedade brasileira, principalmente do auxílio das escolas, mídia, universidades e do Poder Público. Tratar o racismo a sério é dever de todo cidadão brasileiro. Políticas públicas de combate ao racismo e a exclusão social são demandas cada vez mais presentes que necessitam, de forma imediata, sair dos discursos partidários e apresentar-se como prática política.

Acredito nesse Movimento, porque notabiliza uma situação quotidiana: a discriminação racial. Em nome do Partido Social Liberal, desejo que esta Semana se estenda e que não tenhamos apenas uma Semana de Consciência Negra, mas, sim, uma Semana de respeito, de dignidade e, principalmente, merecidas homenagens ao povo negro da nossa Nação.

O Apóstolo Pedro em sua sabedoria certa vez disse: “Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas.” Está escrito no Livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 10, versículo 34. Que Deus abençoe a todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra e falará em nome do PT.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores, autoridades que compõem a nossa Mesa, senhores e senhoras presentes em nossa Sessão, representantes do Movimento Negro e entidades que hoje comparecem neste 20 de novembro para mais um ato desta Câmara de Vereadores. Eu e o sempre Vereador Wilton Araújo comentávamos que a Câmara já faz este tipo de homenagem desde meados da década de 80, e hoje, sem dúvida, neste ato expressivo resultante de mais uma Semana da Consciência Negra, onde a nossa Casa participa de uma ação de combate ao racismo, de conscientização, de somar esforços junto a nossa Cidade para que avancemos. O primeiro ponto importante é o resgate da memória de todos os que lutaram pela dignidade e pelos direitos do povo negro no Brasil, e que no dia 20 de novembro homenageia-se com o resgate da figura de Zumbi dos Palmares.

É importante que se diga e registre sempre a importante contribuição do povo negro à nacionalidade brasileira. Nós somos um país que sintetizou diversas culturas, diversas raças, diversas etnias, mas, onde, sem sobra de dúvida, os afro-descendentes têm o maior peso, porque os europeus que para cá vieram dividem-se em vários povos distintos, com línguas distintas, com costumes e com religiões distintas. Dos afro-descendentes, nós temos pouco registro pela situação de discriminação e barbárie com que vieram parar no nosso País, mas, sem sombra de dúvida, o Brasil tem esta cara. E, quando nós, no 20 de novembro, ocupamos os nossos espaços públicos para fazer este resgate, para fazer denúncia desta situação, é importante que a gente também lembre que nós conseguiremos, do ponto de vista histórico, cultural, econômico, fazer um ajuste de contas com a dívida que nós temos com o povo negro, se não apenas no dia 20 de novembro e no dia 21 de março, que é o Dia de Luta contra as Discriminações, nós fizermos esta homenagem. Mas, é necessário que, além de tribunas e discursos, a gente inverta as relações históricas de poder que têm constituído a dominação no nosso País.

É importante o resgate concreto, sim, da contribuição dos negros na cultura, na música, na culinária, na religião, no futebol, ou seja, principalmente naqueles espaços onde lhes foi permitido dar alguma contribuição, e no trabalho, de forma escrava, e no trabalho, sustentando o lado invisível da economia, aquele que não é do registro dos direitos do trabalho, aquele que é quem carrega nas costas a produção, quem, ao longo do tempo, trabalhou, trabalhou muito, sem acumular direitos de cidadania.

É importante que a gente pense que o povo negro, que o povo afro-descendente deste País tem toda uma contribuição que pode dar, que ainda não deu, porque não lhe foi permitido, em outras áreas, além destas já citadas. Nós temos que pensar que acertar as contas, cumprir com a dívida que nós temos com o povo negro, pressupõe que nós vivamos numa democracia, numa democracia social, numa democracia onde a maioria do povo brasileiro tenha vez, tenha voz, tenha direitos, se beneficie do desenvolvimento histórico e econômico do País, coisa que, atualmente, não acontece.

A população indígena, que é originária do Brasil, ela também é uma população marginalizada, discriminada historicamente e atualmente em extinção. Nós temos dívidas pesadas com esses segmentos. Mas isso pressupõe - além de atos de semanas que são importantes, porque servem para denúncia, servem para resgatar dívida -, pressupõe ações, e essas ações, a reparação histórica que tem que ser feita, as políticas públicas, as ações de governo, elas também tem que vir somadas ao processo de mudança cultural, ideológica e de valores. E esse é muito profundo, e precisa estar embasado, e tem que ser construído junto com uma mudança nas relações sociais que nós temos. Portanto, enquanto nós vivemos num País que se assenta em cima da desigualdade social e que se utiliza de segmentos socialmente fragilizados, como o povo negro dentre outros tantos, para reproduzir a situação de exploração da maioria do povo, nós teremos dificuldade em quitar essa dívida histórica.

Portanto, a par e passo, com a luta de combate ao racismo e de denúncia contra o racismo, de construção da dignidade e da cidadania do povo negro no nosso País, nós precisamos construir aqui uma pátria livre, um país de fato democrático e justo para todos os seus cidadãos, onde o povo negro tenha a condição de viver toda a sua potencialidade e dar também para este País aquela contribuição que ainda não lhe foi permitida em toda a sua plenitude, em todas as áreas.

Assim, resgatando o legado de Zumbi Dandara, longa luta a todos nós que temos ainda muito a andar para transformar este Brasil num País de democracia racial, político, econômico e social bom para a gente viver. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Neste momento convidamos o 2º Vice-Presidente desta Casa, Ver. Reginaldo Pujol, para assumir os trabalhos, para que este Vereador possa falar em nome da Bancada do PSB.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): É com satisfação que eu substituo temporariamente o Ver. Carlos Alberto Garcia na condução dos trabalhos, o que me permite ter esta honra inserida nesta participação objetiva nesta Sessão Solene destinada a comemorar a Semana da Consciência Negra.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje, 20 de novembro, dia em que se comemora a Semana da Consciência Negra, feriado municipal em inúmeros Municípios de nosso País. Quero saudar também Deise Benedito, que há poucos minutos saiu desta Casa, que é Assessora Nacional dos Direitos Humanos, que veio proferir uma palestra sobre “África Aqui”. Quero também saudar o sempre Vereador, Wilton Araújo, por essa iniciativa que, tenha certeza, ficará para sempre na história desta Casa. Quero também parabenizar uma companheira que é incansável, que há muitos anos me acompanha, a Neuza Gomes. Quero fazer uma saudação especial a Ermínia das Neves – Tia Mirna – do Grupo Misgoela, que hoje já está na segunda geração: Misgoelinha. Quero também saudar uma companheira, cujo trabalho acompanho há muitos anos, que é Sueli Ramos, a Tia Sueli, pelo trabalho que faz lá na Maria da Conceição. Quero também saudar aquela que sempre é considerada a mulher mais bonita do Brasil, Deise Nunes. Quero também lembrar algumas situações importantes, porque hoje será entregue, dentro de alguns minutos, o Troféu Carlos Santos, e dois netos do Carlos Santos, que não se encontram aqui hoje, o Carlinhos Santos e o Ney Santos, foram crianças que brincaram, na minha juventude, lá no Bairro Menino Deus, e o Carlinhos eu tenho acompanhado, e muito, em todas as apresentações que tem feito através da música.

Também quero dizer que no próximo ano, aqui nesta Casa, por proposição nossa, e já, de antemão, convido a todos e a todas, faremos uma homenagem ao Satélite Prontidão que vai, no próximo ano, festejar cem anos de existência.

Creio que é importante falarmos um pouco do resgate desse dia histórico, um dia de débito da população brasileira com os negros do nosso País que, os senhores e as senhoras sabem, são a maioria da população. É por isso que o nosso Partido, Partido Socialista Brasileiro, não tem o Movimento Negro, mas tem o Movimento Quilombista, que é bem maior que o negro em si, por que ao longo desses quinhentos anos foi-se fundindo numa grande etnia, mas que todas elas, sim, são descendentes afro-brasileiros.

Quando eu falo em resgate quero dizer que o Governo pediu perdão, o Papa pediu perdão, mas eu pergunto: somos ou não somos ainda um País de discriminados? Se alguém tem dúvida, visitem os presídios do nosso País! E podem ter a certeza de que lá a maioria é negro. Se tem dúvidas visitem as universidades do nosso País, e podem ter a certeza que a grande minoria é negra. Então, o que se busca e o que se quer é igualdade, mas não igualdade de direito, o que se busca e o que se quer é igualdade de fato.

É por isso que, em nome do Partido Socialista Brasileiro, saudamos a cada um e a cada uma dos descendentes afro-brasileiros para que possam continuar nessa luta incessante dos direitos, volto a dizer, não simplesmente o direito de igualdade, mas sim, um direito de fato por aquilo que se quer, porque este dia chegará e essa luta é de todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Sr. Celson Borges Ferreira está com a palavra como Coordenador da Semana da Consciência Negra.

 

O SR. CELSON BORGES FERREIRA: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, neste ato, Ver. Carlos Alberto Garcia, demais autoridades já mencionadas, senhoras e senhores. Eu gostaria, em primeiro lugar, de agradecer à Comissão Organizadora, que, sem ela, este evento seria impossível, às Entidades, aos Vereadores, à Direção Geral da Casa, funcionários da Casa e demais colaboradores. Hoje faz trezentos e seis anos da morte de Zumbi, e a morte de Zumbi para nós, o negro, é uma data muito significativa, trezentos e seis anos que passaram e não foram esquecidos, e com esses movimentos, eu espero que jamais sejam esquecidos. Agradeço de coração a presença de todos e que no próximo ano possamos, com mais afinco, como este ano, fazer valer aquilo que é o nosso direito. Isso só pode acontecer com esse tipo de manifestação.

Se nós olharmos para o lado, vamos ver um Plenário cheio, que é uma coisa muito difícil. Para mim, que é a primeira vez que trabalho na Câmara, sempre me falaram – olha, é difícil - mas não senti dificuldade nenhuma, pelo contrário, estou sentindo prazer. Então agradeço a presença de todos e gostaria que no ano que vem nos encontrássemos novamente neste Plenário. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Obrigado Celson Borges Ferreira. A Sr.ª Maria Pedroso, representante das Entidades do Movimento Negro, está com a palavra.

 

A SRA. MARIA PEDROSO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muita satisfação que agradecemos a colaboração de todos, a presença de todos. Este é um momento que marcou, em cada sociedade, em cada momento, as nossas apresentações, os nossos momentos de felicidade de estarmos representando a nossa raça, o nosso momento de alegria para todos nós. Em nome das entidades que participaram da V Semana da Consciência Negra, da Câmara Municipal de Porto Alegre, gostaria de deixar registrado o quanto é importante para nós, negros, podermos mostrar a nossa cultura e etnia. Muito obrigada a todos, e a festa continua! Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Convidamos o Ver. Humberto Goulart para entregar o Troféu Carlos Santos ao Sr. Wilton Araújo.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos os familiares de Carlos Santos a fazer a entrega a cada um dos agraciados. Convidamos a Sr.ª Neiva Maria Santos da Silva, filha de Carlos Santos, a entregar o Troféu Carlos Santos ao Sr. Adão Alves de Oliveira, o Lelé.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos a Sr.ª Ibá Maria de Lourdes Santos Moreira, filha de Carlos Santos, a entregar o troféu Carlos Santos a Alceu Collares, aqui representado por José Luís Pereira da Costa.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos a filha de Carlos Santos, Carmen Margot Santos Brasil, a entregar o troféu Carlos Santos a Antonio Carlos Cortes, jornalista e advogado.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o genro de Carlos Santos, Adão Assis Brasil, a entregar o Troféu Carlos Santos a Ataíde de Morais Rodrigues, o Cel. Moraes.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o neto de Carlos Santos, Alcione Silva Brasil, a entregar o Troféu Carlos Santos à nossa campeoníssima, que recentemente foi a segunda melhor atleta da ginástica olímpica, na história do Brasil, Daiane dos Santos.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

É importante salientar que nunca o Brasil tinha chegado numa das finais da ginástica olímpica. E a nossa gauchinha Daiane Santos já tinha sido campeã pan-americana e agora é quinta do mundo. Parabéns Daiane!

Convidamos Rosemary Santos da Silva Corrêa a entregar o Troféu Carlos Santos à nossa sempre Miss Deise Nunes.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos a neta de Carlos Santos, Lia Terezinha Santos Moreira, para entregar o prêmio a Eduardo Teixeira Pereira. (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o neta de Carlos Santos, Adriane Santos da Silva, para entregar o Troféu Carlos Santos a Hermínia das Neves, a tia Mirna do Misgoela. (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o neto de Carlos Santos, Paulo Ronaldo Santos da Silva e sua esposa Neivacyr Silva a entregarem o Troféu Carlos Santos a Ieda Maria Vieira Silva. (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o neto de Carlos Santos, Bruno Santos da Silva Corrêa, a entregar o prêmio a Jeanice Dias Ramos. (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos a neta de Carlos Santos, Ana Paula Santos, a entregar o Troféu a João Carlos de Lima Moraes.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos Marcelo Amaro Santos a entregar o Troféu a Jorge Ribeiro, suplente de Vereador desta Casa, pelo PTB.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos Kizzi Pereira Santos a entregar o Troféu a Luís Carlos Leite Bastos.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o filho, Ney Botelho Santos, a entregar o Troféu à jornalista Nelcira Nascimento.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o Ver. Nereu D’Avila a entregar o Troféu ao Sr. Nilo Feijó.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o 2º Secretário desta Casa, Ver. Ervino Besson, a entregar o Troféu Carlos Santos ao representante do Sr. Oliveira Silveira.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o Ver. Raul Carrion para fazer a entrega do Troféu Carlos Santos ao Sr. Pedro Luiz Gonçalves.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

O Pedro é um funcionário exemplar desta Câmara Municipal de Porto Alegre. (Palmas.)

Convidamos a Ver.ª Clênia Maranhão para fazer a entrega do Troféu Carlos Santos ao Jornalista e sempre atleta Renato Dornelles.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o Ver. Haroldo de Souza para fazer a entrega do Troféu Carlos Santos ao Sr. Roberto Barros. O famoso Betinho, da Imperadores. (Palmas.)

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o Ver. Almerindo Filho para fazer a entrega do Troféu Carlos Santos à Sr.ª Rosalina da Conceição, do Bambas da Orgia.

 

(Procede-se à entrega do Troféu) (Palmas.)

 

Não foi por acaso, gente, que colocamos “Imperadores” e “Bambas” uma ao lado da outra.

Convidamos a Ver.ª Helena Bonumá para fazer a entrega do Troféu Carlos Santos ao Sr. Sejalmo Sebastião de Paula Neri.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

O Dr. Sejalmo é Desembargador titular da 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça.

Convidamos o Desembargador Tupinambá Nascimento para entregar o Troféu Carlos Santos à Sueli de Souza Ramos, a tia Sueli, da Maria Conceição.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.)

 

O Sr. Tupinambá Nascimento é ex-presidente do Tribunal Regional Federal.

Senhor Tupinambá, por gentileza, gostaria que o Senhor ficasse, neste momento, para receber o seu Troféu Carlos Santos das mãos da Sr.ª Maria Pedroso.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.)

 

Convidamos o Sr. Celson Borges Ferreira a entregar o prêmio a uma pessoa que sabe tudo de economia, Carlos Nelson dos Reis.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.)

 

Convidamos, novamente, a filha do Carlos Santos, Neiva Maria Santos da Silva, a entregar o troféu que tem o nome do seu pai ao Sr. César Silva.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.)

 

Convidamos a Sr.ª Ibá Maria de Lurdes Santos Moreira a entregar o prêmio à Sr.ª Eloá dos Santos Alves.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.)

 

Convidamos Carmem Santos Brasil, filha de Carlos Santos, a entregar o prêmio a João Cleon Fonseca, pai Cleon.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Convidamos o Sr. Adão Assis Brasil, genro de Carlos Santos, a entregar o Troféu a Rafael Rodrigo.

 

(Procede-se a entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Lembramos que esta Casa quer fazer uma homenagem póstuma ao Sr. Edi Isaías, e convidamos a sua esposa Maria de Lourdes Isaías a receber o Troféu Carlos Santos, na pessoa do seu filho Ney Santos.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Uma homenagem póstuma, também, a Paulo de Tarso, que foi citado, aqui, hoje, pelo Ver. Luiz Braz. Convidamos a sua esposa, Ione Braz Soares, a receber, das mãos do Ver. Humberto Goulart, o Troféu Carlos Santos.

 

(Procede-se à entrega do Troféu.) (Palmas.)

 

Queremos, também, neste momento, entregar um certificado a um curso que foi promovido pela Semana da Consciência Negra, Curso de Computação de dez horas. Vamos solicitar a presença de Tiago Santos dos Santos, Alessandra Menezes, Carlos André Gomes, Francieli Rodrigues, Volnei Canarin, Jorge Fernando Canarin, Lucimara Trindade, Luciana Santos, Evanilso Silva, Nilse Costa. Foram os que participaram deste Curso, promovido dentro da Semana da Consciência Negra.

Queremos cumprimentar os dois Professores, Adão e Vanderlei, por este grande trabalho que instrumentalizou esses jovens. (Palmas.)

Queremos agradecer a presença de todos - e foram inúmeros agraciados – e, neste momento, em nome deles, que receberam o Troféu Carlos Santos, convidamos o Sr. Wilton Araújo para falar em nome de todos os agraciados.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje, quando eu entrava no ambiente da Câmara, que me é familiar, que me é gostoso entrar, viver e reviver aqueles momentos tão gostosos que tivemos aqui, tão bons, fui brindado com a escolha para representar, neste momento, os agraciados, embora sem aviso prévio. Espero bem representá-los – tarefa difícil, não pelo número, mas pela qualidade de todos os agraciados. Todos os agraciados têm trabalho junto à comunidade negra, têm dedicação durante tanto tempo junto a essa comunidade – tarefa difícil, mas vou tentar desenvolvê-la.

Lá no ano de 1985, lembrava a Ver.ª Helena Bonumá – eu era Vereador nessa época – fui procurado por algumas pessoas, dentre elas eu me lembro da Jeanice Ramos, logo depois o Professor Oliveira Silveira, enfim, um grupo de pessoas. Naquele momento, em 85, se colocava a questão do 13 de maio, um movimento negro que começava aqui em Porto Alegre, aqui no Rio Grande do Sul, a questionar, pioneiramente no País, o 13 de maio - o que ele significava e por que o 13 de maio era festejado, reverenciado, falado, usado. E se colocava a questão nessas discussões, nessa reflexão, exatamente o 20 de novembro. O 20 de novembro que significa a morte do líder, do guerreiro Zumbi – trezentos e seis anos, hoje. Naquele momento se fazia essa reflexão. E essa reflexão acabou levando a se fazer o primeiro Projeto de Lei e a Câmara aprovar, não por unanimidade, me recordo, mas a aprovar a Lei que instituiu a Semana no Negro, naquela época se intitulava assim: Semana do Negro.

Esta é a 17ª Semana que se comemora, entre aspas, a consciência ou a reflexão que se faz todos os anos sobre a questão da discriminação racial, das oportunidades, das vontades, das necessidades que o negro passa e ultrapassa através dos tempos, através da história deste País. Quão importante eu vejo, Celso, a questão dessa Comissão de Organização de hoje, que está de parabéns, porque com pouco tempo - eu participei da primeira reunião -, com pouco tempo ela conseguiu bem organizar a 17ª Semana. Meus parabéns a todos que fizeram parte, sei que é uma equipe grande.

Também não podia deixar de falar sobre o Deputado Carlos Santos, que é quem empresta o nome e o trabalho para este Troféu. Nesse momento, eu digo no momento em que fazíamos essa reflexão, em 85, com o Deputado Carlos Santos, ele foi um dos que foi por nós ouvido, conversamos longamente com o Deputado e me lembro, inclusive, num determinado momento, nós, com aquela vontade de ter a memória, de referenciar a memória do grande Deputado, e dando uma de Nelcira, de Cesar, de jornalista, levamos um gravador e gravamos extensa entrevista com o Deputado. Uma das questões que a gente levantava era exatamente a questão do 13 de maio, do 20 de novembro. E, do alto da sua sabedoria, da sua experiência, ele dizia: “O 20 de novembro é sim o dia do guerreiro, o dia de se fazer a denúncia, mas não podemos nos esquecer do 13 de maio, que é histórico, ele traz sempre alguma coisa para a gente!” Aquilo me ficou gravado, porque dentro do movimento de que nós participávamos, nós só enxergávamos o 20 de novembro como sendo a data, mas ficou gravado pela sabedoria dele. Nunca se deve deixar a experiência do tempo de lado para construir nova experiências. É em cima daquilo que existe que nós evoluímos e somos grandes, não é esquecendo, não é transformando ou colocando outro nome nas coisas que nós somos grandes. Essa é a experiência, Nei. Essa é a grande experiência! Nós não inventamos nada nunca e eu fui o porta-voz desse movimento, naquele momento, com muita honra, mas aprendi tanto, porque sei que, mesmo instituindo essa Semana, e sabendo que era importante a experiência anterior, aquilo que já tinha sido feito antes, quiçá, muito mais importante. E é com essa honra que tenho certeza que todos os agraciados, que têm um trabalho, que têm uma dedicação, estão aqui, hoje, recebendo este Troféu; significa tanto para a gente, que conheceu o Carlos Santos, para a gente que trabalhou com Carlos Santos! Significa tanto para as pessoas que não conheceram Carlos Santos, mas sabem da história dele! Primeiro Governador negro no Estado do Rio Grande do Sul.

É em nome de todos esses agraciados que me arrisco a agradecer esse reconhecimento que a Câmara faz anualmente, Sr. Presidente, mas não vejo e nunca vi a Semana da Consciência Negra como um momento de festa, de regozijo, diria, naquela época, de folguedos, não é! É um momento de profunda reflexão e de encontrar e de saber, estar consciente que o racismo existe, está ali, está aqui, está em todos os lugares. É uma Semana de denúncia, é uma Semana para que possamos chegar, quem sabe, a algum tipo de solução com as discussões que fazemos sempre. Recebemos o troféu com honra, assumindo ainda mais uma responsabilidade do dia-a-dia, Mãe Ieda, Pai Cleon, de ver o nosso povo sofrido, ouvindo dia a dia e sabendo que ele está lá sendo discriminado, não tendo oportunidade, não sabendo como chegar nos lugares. É o momento de profunda responsabilidade que assumimos ao receber este troféu.

Eu tenho certeza de que todos nós vamos continuar com mais garra, com mais vontade, com mais determinação o trabalho que estamos executando até agora. Nós temos essa consciência. Aqueles que estão aqui hoje, que fazem parte dos movimentos, institutos, fundações, enfim, das organizações das entidades negras vão sair daqui hoje, mais do que nunca, com a tarefa de ali fora levar a luta, a vontade, denunciar a discriminação, procurar a solução, estar inserido em todos os movimentos. Essa responsabilidade todos nós temos. Eu tenho certeza de que vamos sair daqui com mais garra e vontade.

Senti-me orgulhoso por poder representá-los a todos. Se não o fiz bem, tentei. Todos vocês, a grande maioria meus amigos, vão continuar esta luta, ela está recém começando para nós, é o primeiro passo, é o primeiro tijolo de uma grande obra que nós vamos construir, Deise. Esta consciência nós temos. É um trabalho muito grande. Muito obrigado, Câmara Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Muitas pessoas agradeceram à Comissão Organizadora, e nós fazemos questão, neste ato, de mostrar que esta Comissão se empenhou e trabalhou para a realização desta Semana, elencando todos os participantes: Ver. Humberto Goulart, em nome da Mesa; Coordenador, Celson Ferreira; Dilciomar Teixeira, Maria da Glória Rego de Lima, Luiz Carlos Pereira, Jair Ferreira, Ney Rocha Rios, Maria Rejane Linck, Santa Araújo, Clovis Sila, Marco Aurélio Cunha, Antonio Callegari, Sílvio Aquino, Romeu Ferreira, Neusa Maria da Graça Silva, Maria Odete Bento, Eni Canarim, João Alberto Mattos, Maria Elisabete Nobre, Renato Santos da Silva, Bira Cabelleira, Regina Machado, Krishna Daudat, Rita de Cássia Silveira, Valdemar Lima. Muito obrigado à Comissão Organizadora pelos trabalhos que desenvolveram. (Palmas.)

Convidamos a todos para comparecerem, no dia 22 de novembro, às 18h, na Avenida Borges de Medeiros, em frente à pista de skate, onde será descerrado o busto de João Cândido, o Almirante Negro.

Convidamos todos os presentes para ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Neste momento será entregue o Troféu do 1º Torneio Ala do Roxo de Futebol Feminino, no Plenário.

Queremos também registrar que o representante do Tribunal de Justiça do Estado, Sejalmo Sebastião de Paula Neri está completando aniversário. (Palmas.)

Convidamos todos para a missa afro, no Plenarinho. Em nome da Câmara de Vereadores, queremos agradecer a todos pela presença.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h42min.)

 

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